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Mangákas estão usando IA

Mangákas e IA

Mangákas estão usando IA

Mangákas estão usando IA

Mangákas e IA

 

Recentemente, assisti a uma matéria fascinante da NHK que destacava como alguns estúdios de mangá e animação no Japão estão integrando a Inteligência Artificial (IA) em seus processos criativos. A complexidade e o volume de trabalho na produção de mangás são imensos, o que faz da IA uma solução intrigante para desafios antigos. Ao mesmo tempo, a integração dessa tecnologia toca em questões delicadas, como a autenticidade da arte e a preservação do esforço humano por trás das obras. Para muitos, o mangá é mais do que apenas uma forma de entretenimento; ele representa a dedicação, o talento e a visão única de seus criadores. Por isso, ao ouvir que a IA está começando a desempenhar um papel nessa indústria, senti-me dividido entre a admiração pela inovação e a preocupação pelo futuro da arte.

Por que os mangákas estão adotando a IA?

A produção de mangás é notoriamente trabalhosa e demanda um enorme esforço físico e mental. Cada página requer atenção aos mínimos detalhes, desde a composição do quadro até a finalização da arte. O senhor Yoshimi Kurata, um mangáka veterano de 70 anos, é um exemplo de como a IA pode ser uma aliada nesse processo. Ele utiliza uma ferramenta personalizada que se baseia exclusivamente em seus próprios desenhos, evitando assim o uso de obras de terceiros sem permissão. Para Kurata, essa tecnologia oferece uma nova forma de manter sua produtividade, mesmo diante das limitações naturais da idade. Isso, no entanto, levanta questões sobre como a IA pode influenciar o processo criativo e até que ponto ela preserva a essência da obra de um artista. Afinal, o que realmente define um mangá como autêntico?

IA como ferramenta, não substituta

O uso da IA, como apresentado na matéria, é focado em atuar como uma ferramenta auxiliar, e não como um substituto completo para o trabalho do artista. Diferente de sistemas amplamente criticados, como o MidJourney, que combina obras existentes para criar novas imagens, as soluções mencionadas são mais éticas e personalizadas. A IA analisa e aprende com os desenhos do próprio mangáka, gerando esboços que posteriormente são refinados manualmente. Isso preserva, ao menos em parte, a autenticidade e a assinatura artística do criador. Ainda assim, é inevitável refletir sobre o impacto dessa tecnologia a longo prazo. Será que a linha entre o trabalho humano e o trabalho gerado por máquinas vai se tornar tão tênue que acabaremos desvalorizando o esforço manual? É uma questão que merece atenção tanto dos artistas quanto dos consumidores.

Mangákas e IA
Mangákas e IA

Impacto na indústria de animação

O impacto da IA não se limita aos mangákas; ela também está transformando a indústria de animação. Estúdios com equipes menores têm utilizado IA para criar frames intermediários, um trabalho que tradicionalmente demandaria muito tempo e esforço. Essa tecnologia é capaz de gerar movimentos fluidos e precisos, reduzindo significativamente os prazos de produção. No entanto, os profissionais continuam a desempenhar um papel essencial ao revisar e ajustar manualmente cada frame, garantindo que a qualidade final não seja comprometida. Essa abordagem híbrida, combinando tecnologia e talento humano, é vista como um caminho viável para aumentar a eficiência sem sacrificar a criatividade. Apesar disso, o uso crescente da IA em animação também levanta preocupações sobre a possível redução de empregos na indústria, especialmente em países onde o mercado já é pequeno e competitivo.

Os desafios éticos e artísticos

Embora a adoção da IA ofereça inúmeros benefícios, como maior velocidade e eficiência, ela também traz desafios éticos e artísticos significativos. Muitos artistas temem que a popularização dessa tecnologia possa levar à desvalorização da arte feita à mão e à redução de oportunidades de trabalho. Além disso, há o risco de que a dependência excessiva da IA resulte em obras que careçam de originalidade e emoção, elementos essenciais para conectar o público à arte. No entanto, no Japão, onde a produtividade é altamente valorizada, a IA pode ser vista como uma ferramenta necessária para manter a competitividade da indústria. Nesse contexto, é fundamental encontrar um equilíbrio que permita o uso ético da tecnologia sem comprometer a essência criativa que define o mangá e a animação.

O que o futuro reserva para mangákas e IA?

Acredito que o futuro trará uma coexistência entre a arte tradicional e a tecnologia. O mercado japonês, conhecido por seu consumo apaixonado de mangás e animes, tem espaço tanto para obras altamente comerciais quanto para aquelas criadas de forma puramente artística. No entanto, o fator decisivo será a aceitação do público. Se os consumidores abraçarem essa nova forma de produção, a IA poderá se tornar um padrão na indústria. Por outro lado, se houver resistência, os estúdios terão que reconsiderar sua abordagem. Independentemente do caminho que essa evolução tecnológica tomar, é essencial que a indústria e os artistas continuem valorizando a autenticidade e a conexão emocional, aspectos que sempre foram fundamentais para o sucesso do mangá e da animação.

Reflexão final

Como entusiasta de mangás, vejo a integração da IA com cautela, mas também com curiosidade. Ela tem o potencial de revolucionar a indústria, mas é crucial que sua implementação seja feita de forma ética e equilibrada. A arte, afinal, é uma expressão humana, carregada de emoções, experiências e histórias únicas. Espero que, mesmo com o avanço da tecnologia, essa essência nunca se perca. Ao contrário, que a IA seja uma aliada para amplificar o que há de melhor no talento humano, e não para substituí-lo. O futuro dos mangákas e da IA está apenas começando a ser escrito, e cabe a nós, como consumidores e criadores, moldar esse novo capítulo de forma responsável e inspiradora.

 

 

 

rio de Jesus Silveira é um profissional de tecnologia da informação (TI) com uma paixão por tecnologia e educação. Ele se formou em Letras pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2003 e possui pós-graduação em Docência da Educação pela Universidade Gama Filho (UGB)1. Além disso, ele é o proprietário da empresa DUSITE, que se dedica à reparação e manutenção de computadores e equipamentos periféricos